A Polícia Nacional no distrito do Camama está a ser acusada de proteger fiscais da Administração Municipal que agrediram violentamente zungueiras no bairro Calemba 2, na última terça-feira, 18 de junho, por volta das 19h.
Entre as vítimas está Igraça Pedro, uma viúva de 60 anos, que foi brutalmente espancada junto ao portão do mercado da PEP. Durante a acção, os fiscais confiscaram os seus produtos, levaram o seu carro de mão e uma quantia em dinheiro estimada em 50 mil kwanzas.
A Organização da Mulher Angolana (OMA) e a Liga da Mulher Angolana (LIMA), duas organizações femininas dos maiores partidos do país, ainda não se pronunciaram sobre o assunto.
A denúncia expõe mais um episódio da crescente repressão contra zungueiras, mulheres que actuam no comércio informal e representam um pilar de sobrevivência para milhares de famílias em Angola. Casos como este, envolvendo agressões físicas, apreensão de mercadorias e até mortes, têm-se tornado recorrentes, principalmente em zonas urbanas como Luanda.
As zungueiras são figuras centrais na economia informal angolana. A sua presença remonta ao período colonial, mas tornou-se ainda mais visível após a independência em 1975, impulsionada por crises econômicas e elevado desemprego. Vendem de tudo: alimentos, roupas, utensílios — e percorrem longas distâncias todos os dias para sustentar as suas famílias. Apesar da sua importância socioeconômica, estas mulheres enfrentam constantes ameaças: perseguição, violência institucional e falta de reconhecimento legal. Em contextos marcados por desigualdade e pobreza, elas continuam a representar resiliência e resistência frente à exclusão social.
Estudos indicam que, além de garantir o sustento de milhares de famílias, a actividade das zungueiras tem impacto direto na dinâmica urbana, no acesso a bens essenciais e na identidade cultural angolana.
O episódio do Calemba 2 levanta preocupações sobre o comportamento das autoridades e a urgência de políticas públicas mais humanas e inclusivas para proteger o comércio informal e garantir os direitos das trabalhadoras.
O comandante-geral da Polícia Nacional, Comissario-chefe Francisco Ribas, foi contactado, mas não prestou qualquer esclarecimento. O Decreto tentou igualmente ouvir Nestor Goubel, porta-voz da corporação em Luanda, que também se absteve de comentar o caso.
Recorda-se que Luciana Nsumba foi presa, agredida e sofrei extorsão em 2018. Juliana Kafrique (12 março 2019) foi assassinato por policiais.
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