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Pedro Aguinaldo da Silva “Pírula”, ex- Capitão do 1.º de Agosto

Luanda – O nome de Pedro Aguinaldo de Jesus Vasconcelos Nicolau da Silva, conhecido no meio desportivo como Pírula, permanece entre os mais destacados da história do andebol angolano. A sua trajetória ao longo das décadas de 1980 e 1990, marcada por títulos, liderança e um sentido disciplinar raro, fez dele uma referência incontornável do desporto nacional.

*Napoleão Brandão
Fonte: Club-k.net

Oriundo do bairro de São Paulo de Assunção, em Luanda, Pírula começou a mostrar aptidão desportiva ainda adolescente, na segunda metade da década de 1970. Jogava futebol de salão, futebol de 11 e andebol, sempre em posições de grande responsabilidade. No futebol destacou-se como guarda-redes, função em que os reflexos e a compleição física lhe conferiam natural vantagem.

 

A prática regular desenvolveu-se nos espaços comunitários dos bairros populares e em instituições juvenis da época, nomeadamente a Organização Juvenil (Jota, Manuel Vandúnem), e posteriormente no Grupo Desportivo da TAAG, onde rapidamente se notabilizou.


No futebol, Pírula alcançou o título de campeão provincial de juniores de Luanda pelo Grupo Desportivo da Terra Nova. Seguiu-se a integração no 1.º de Agosto, clube com o qual foi vice-campeão nacional de juniores em 1978/79 sob orientação do treinador Napoleão Brandão. Esta fase demonstrou a sua versatilidade, mas seria no andebol que consolidaria a carreira.


O ingresso no 1.º de Agosto marcou o início de um percurso de exceção. Ainda com idade de júnior, ascendeu à equipa principal, iniciando uma era vitoriosa: 10 campeonatos nacionais e 20 Taças de Angola conquistadas ao serviço do clube. Ao longo dos anos formou parte de um coletivo que reuniu alguns dos maiores nomes da modalidade, como Paulo Bunze, Tó Araújo, Óscar Nascimento, Victor Lemos e Cardoso de Lima.

Dentro de campo, destacou-se como jogador de meia distância, dotado de força, impulsão, arremesso potente e visão estratégica. Era também reconhecido pela capacidade de leitura do jogo e pela comunicação permanente com os colegas. Tais atributos levaram à sua nomeação como capitão do 1.º de Agosto e, posteriormente, da Seleção Nacional de Angola.

 

A ligação às seleções começou cedo, com presença nos Jogos da África Central de 1979, em Luanda, e nas edições seguintes. Em 1978, no torneio de Brazzaville (Congo), conquistou a medalha de bronze. Representou igualmente Angola em vários campeonatos africanos, consolidando-se como um dos pilares do conjunto nacional.

 

No plano militar, Pírula integrou as Seleções Nacionais Militares, participando em diversas competições da SKDA (Comité Desportivo dos Exércitos Amigos). O ponto mais alto dessas participações ocorreu nas Espartaquíadas Militares de Varsóvia, em 1985, na Polónia, evento que reuniu atletas de vários países do Leste Europeu e que expôs o andebol angolano a um ambiente competitivo internacional de grande exigência.

 

No início da década de 1990, à semelhança de outras figuras do andebol angolano, recebeu propostas de clubes estrangeiros. Aceitou o desafio do Sporting Clube de Espinho, em Portugal, onde permaneceu vários anos. A experiência consolidou a sua imagem de profissional íntegro e disciplinado, qualidades que lhe valeram respeito e reconhecimento no cenário europeu.

 

A carreira de Pírula resume-se não apenas a títulos e presenças internacionais, mas também a um exemplo de liderança e rigor. Entre dirigentes, colegas de equipa e adversários, ficou a imagem de um atleta que combinava talento técnico com valores humanos sólidos.

 

A passagem pelo desporto angolano contribuiu para a construção de uma memória coletiva do andebol nacional, em que Pírula surge como símbolo de uma geração que ajudou a projetar Angola em competições continentais e militares internacionais.

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