Luanda - O Governo anunciou, com pompa e circunstância, que 2024 foi um ano de glória para o emprego em Angola: mais de um milhão de novos postos de trabalho criados e uma redução da taxa de desemprego para 30,4%. Aplausos, por favor. Sim, porque isto não é estatística, é quase milagre.
Fonte: Camunda News
Se continuarmos neste ritmo, daqui a pouco cada família terá três funcionários públicos em casa: um na cozinha, outro na sala e o último só para controlar a folha de ponto. O mais curioso é que, somando militares, paramilitares, civis e agentes administrativos, já vamos em 926 mil funcionários públicos. Quase um milhão! Ou seja, se o país fosse uma empresa, teria mais gente a carimbar papel do que a produzir riqueza.
Agora, expliquem-me: onde é que se escondem esses tais “um milhão de empregos”? Porque, quando saímos à rua, o que encontramos são milhões de vendedores informais, mototaxistas a competir com candongueiros e zungueiras que sustentam famílias inteiras. Será que o Governo considera “novo emprego” o facto de alguém começar a vender banana no passeio?
Mas não, dizem os comunicados oficiais: tudo isto é fruto de um crescimento económico robusto — 5% no sector não petrolífero e quase 3% no petrolífero. Curiosamente, esse crescimento só se vê nos relatórios. Porque, nas ruas, o crescimento é outro: o da fome, da informalidade e do desespero.
E aqui vai a minha sugestão irónica, mas muito simples: o MAPTSS podia criar um portal com dados básicos. Apenas dois:
1. Nome da entidade empregadora.
2. Número de empregados.
Mais nada. Mas em Angola, meus senhores, dar transparência é mais difícil do que meter a Sonangol a refinar o nosso próprio petróleo.
No fim, resta-nos acreditar que estamos a viver numa realidade paralela. Num país onde o emprego cresce em relatórios de gabinete e desaparece nos musseques. Onde o desemprego diminui por decreto, mas aumenta no mercado da praça.
É Angola no seu melhor: o país dos empregos invisíveis.
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