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O ensaio para 2027 — Manuel Cornélio

Surpreendemo-nos, esta manhã, com uma forte mobilização, sem que nenhum “líder” politicamente exposto assumisse a autoria da manifestação, anunciada em virtude da subida abrupta do preço do gasóleo e, por consequência, do aumento dos preços dos transportes.

 

Hoje assistimos a um verdadeiro ensaio diante da deterioração da situação sócio-económica do país, num cenário em que a crise se agudiza a cada dia, sem que se vislumbre qualquer demonstração de ponderação ou sensatez por parte de quem governa.

O ano de 2027 está à esquina e aproxima-se rapidamente. De um lado, o governo repete incessantemente apelos à paz e à estabilidade nacional, reprimindo tudo e todos — recorrendo, inclusive, à coerção para silenciar vozes dissonantes, chegando ao ponto de não recear o aniquilamento a sangue frio daqueles que manifestam um direito, em defesa da paz. Paz essa que está a ser posta à prova.

Por outro lado, há uma franja da sociedade que se despe da Paz, pois entende que a Paz não enche a barriga. Ademais, considera que perder a vida para se libertar das amarras de quem acredita que a governação é ad eternum, é preferível que manter essa Paz que apenas enriquece alguns e torna miseráveis outros.

A grande questão que se coloca no horizonte é esta: em 2027, quem cederá? De um lado, quem governa, tudo faz para impedir o exercício do direito à dignidade; do outro, a consciência de que este é o momento de livrar-se da Paz repressiva.

As eleições de 2027 revelar-se-ão, portanto, o verdadeiro teste de fogo. A cada dia, o cidadão recupera o protagonismo e reivindica direitos fundamentais. É oportuno, para quem governa, dar meia-volta, reencontrar-se e corrigir o rumo, estabilizando a situação sócio-económica do país. Caso contrário, correm o risco de expor que, apesar de apregoarem a Paz, pouco ou quase nada fizeram para torná-la efetiva, pois ninguém se mantém em Paz com a fome.

Hoje, 12 de julho, foi apenas um ensaio. Em 2027, poder-se-á provar quem estava errado ao longo dos longínquos anos de Paz que carregamos. Até lá, que haja tenência.

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