Juíza no Juízo Central Criminal deLisboa, Margarida Natário, foi uma das sorteadas para integrar o coletivo que irá em breve julgar o processo em que Álvaro Sobrinho e a Holdimo, sociedade controlada por Sobrinho, são acusados de crimes de branqueamento agravado.
PORTAL O LADRÃO
A juíza, no entanto, pediu ao Tribunal da Relação que a afaste do caso. A magistrada identifica as razões. De 1999 até 2014 foi casada com Miguel Rio Tinto, que exerceu funções em diversas sociedades que integravam o chamado Universo GES “entre as quais, PME Link; ES Tech Ventures, S.G.P.S., S.A.; Espírito Santo Contact Center; Companhia de Seguros Tranquilidade, S.A. e Espírito Santo Informática A.C.E.; Banco Espírito Santo, S.A. e Novo Banco, S.A.”
A magistrada explica que, por causa disso, e em especial pelas funções de administrador na Espírito Santo Informática, o ex-marido foi encarregue por Ricardo Salgado detransferir para o BESA a informática respeitante a tal sociedade.
Diz a juíza que assistiu a diversos telefonemas entre Miguel Rio Tinto e Salgado, quando o ex-marido atendia em alta voz:
“Nessa sequência, não só ouvi diversas conversas mantidas entre aqueles quanto a tal assunto, em que Ricardo Espírito Santo Silva Salgado tecia considerações sobre o caráter e idoneidade do ora arguido Álvaro Sobrinho, mas também, na sequência daquelas, o meu ex-marido explicava-me quais os problemas que se encontravam a vivenciar com a iminente transferência da parte informática para o BESA ou, após a efetivação da mesma, os que passaram a vivenciar de então em diante, designadamente, explicitando condutas alegadamente mantidas por Álvaro Sobrinho.”
Entende a juíza que já tem, por isso, um pré-juízo relativo a Álvaro Sobrinho, “o qual coloca em crise a minha imparcialidade subjetiva”.
Margarida Natário recorda ainda que por causa das sua anterior relação conjugal também já teve que abonar o julgamento onde eram arguidos Ricardo Salgado e Manuel Pinho.
Na última quinta-feira, num acórdão a que a SIC teve acesso, o Tribunal da Relação dá razão à juíza.
“O receio da Senhora Juíza mostra-se, a nosso ver, perfeitamente justificado. É certo que o ex-marido da Senhora Juíza não é visado nos presentes autos. Contudo, manteve ligações com o arguido nestes autos, Álvaro Sobrinho, exercendo funções em empresas ligadas ao mesmo (…) Assim, a ligação da Senhora Juíza a alguém que exerceu funções em sociedades pertencentes do grupo GES e que mantinha uma relação próxima com Ricardo Espírito Santo Silva Salgado é suscetível de gerar desconfiança quanto à sua imparcialidade junto da opinião pública, colocando em causa aconfiança da comunidade na Justiça.”.
Margarida Natário está assim livre do processo.
Aliqu justo et labore at eirmod justo sea erat diam dolor diam vero kasd
Rua 2, Avenida Brazil, Luanda
+244 923 445 566
pontodeinformacao@pontodeinformacao.com
© Todos os direitos reservados.