A União Europeia vai levar no fim do mês uma comitiva de peso a Angola. Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, e António Costa, líder do Conselho Europeu, estarão em Luanda entre 24 e 25 de novembro para participar na cimeira multilateral com a União Africana (UA).
Pelo caminho, sabe o Negócios, é praticamente certo que se vão deslocar ao Lobito, provavelmente acompanhados também pelo presidente do Banco Mundial, Ajay Banga. O Corredor do Lobito é um projeto que liga o porto desta cidade às regiões mineiras da República Democrática do Congo (RDC) e da Zâmbia, utilizando o caminho de ferro de Benguela, tendo o propósito de facilitar o comércio e o transporte de minerais, como cobre e cobalto, fazendo a ligação entre o oceano Atlântico e o Índico.
A infraestrutura está concessionada desde 2022 e por um período de 30 anos ao consórcio LAR (Lobito Atlantic Railways), constituído pela portuguesa Mota-Engil, os suíços da Trafigura e os belgas da Vecturis.
A UE comprometeu-se com um apoio de 600 milhões de euros para este corredor, destinado sobretudo ao desenvolvimento da agricultura e do comércio ao longo da infraestrutura, mas o avanço desta tem sido travado pela demora na tomada de decisão do seu financiamento por parte dos Estados Unidos.
Na realidade, a aproximação dos EUA a África, ensaiada por Joe Biden, foi travada por Donald Trump. O atual Presidente norte-americano concentrou as suas atenções na guerra tarifária e no confronto com a China, passando África para segundo plano, uma opção questionável até porque este continente tem reservas robustas de matérias-primas como cobre e terras raras, fundamentais para alimentar a indústria tecnológica.
Por isso, uma das vítimas colaterais deste reordenamento das prioridades da Casa Branca tem sido o corredor do Lobito, em Angola. Os norte-americanos da International Development Finance Corporation estão a protelar, pelo menos desde junho deste ano, um financiamento de 500 milhões de dólares (434 milhões de euros, ao câmbio atual). A decisão de conceder este empréstimo foi tomada em junho de 2023 e reiterada pela Administração Trump em igual mês de 2025, no decurso da Cimeira de Negócios EUA-África, que decorreu em Luanda.
“As equipas estão a trabalhar incansavelmente nesta transação, com todas as partes envolvidas: o governo, os acionistas e todos os parceiros de financiamento. Tivemos ótimas discussões esta semana e estamos muito entusiasmados para continuar o investimento no Lobito e também em investimentos complementares em Angola, República Democrática do Congo e Zâmbia”, garantia naquela altura Troy Fitrell, diretor do Gabinete de Assuntos Africanos do Departamento de Estado dos EUA. Contudo, desde então, nada aconteceu.
Neste contexto, à margem da cimeira UE-UA, Bruxelas e Luanda deverão abordar a questão do Corredor do Lobito, o impasse norte-americano e eventuais mecanismos suscetíveis de ultrapassar o bloqueio que ainda existe.
Com a Administração norte-americana desinteressada do continente africano, a China reforça a sua posição, mas é igualmente tempo de a UE assumir uma atitude mais proativa, materializando as palavras de circunstância de António Costa. “Uma parceria sólida, equilibrada e com visão de futuro entre a UE e África é o nosso objetivo para esta cimeira marcante. A UE continua a ser um parceiro fiável e previsível para África. Juntos, podemos enfrentar desafios globais e desbloquear oportunidades partilhadas”, declarou o presidente do Conselho Europeu num comunicado a propósito desta cimeira.
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