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CIDADÃO CLAMA POR JUSTIÇA APÓS OCUPAÇÃO ILEGAL DE IMÓVEL E AMEAÇAS ENVOLVENDO CÔNSUL DA MAURITÂNIA EM ANGOLA

Em declarações ao Na Lente do Crime, Jorge Simão afirma ter celebrado, no dia 4 de Junho de 2020, um contrato de arrendamento com o cidadão mauritano Mohammed Vadel Joueid, cujo prazo expirou em fevereiro de 2025.

O contrato, segundo o denunciante, está devidamente reconhecido pelos serviços notariais. No entanto, após o fim do acordo, um outro cidadão, identificado como Manuel Turco, também de nacionalidade mauritana, terá se introduzido no imóvel com intenção de firmar um novo contrato de forma forçada.

“Recusei qualquer novo acordo. Mesmo assim, insistem em permanecer no imóvel”, lamenta Simão, que diz ter retirado quatro chapas da cobertura do edifício como tentativa de pressionar os ocupantes a abandonarem o local.

O gesto, contudo, resultou numa acusação inesperada. Segundo Jorge Simão, os ocupantes alegaram o desaparecimento de 25 milhões de kwanzas, valor que, afirma, não apresenta fundamento claro.

“Ora dizem que o dinheiro sumiu, ora dizem que é o orçamento dos prejuízos causados. Quero entender que prejuízos são esses”, questiona.

O caso ganhou contornos ainda mais graves quando, segundo Jorge Simão, o cônsul da Mauritânia em Angola, Ahmed Almeida, e o director da imobiliária Ango Real, Mamud, passaram a pressioná-lo a desistir do processo que corre no Serviço de Investigação Criminal (SIC) do Kilamba.

“Fui ameaçado. Disseram que, se eu não recuasse, continuariam a insistir na narrativa de que roubei os 25 milhões. O director da Ango Real afirmou que tem amigos procuradores e juízes que me dariam um ‘correctivo’”, contou Simão, referindo-se a uma reunião ocorrida no dia 21 de maio.

No dia 26 do mesmo mês, foi ainda convocado para um encontro com o cônsul Ahmed Almeida no Calemba II, onde, segundo relata, lhe foi proposto que assinasse um acordo favorável aos ocupantes, em troca da retirada da queixa criminal. Jorge Simão rejeitou a proposta, alegando inocência: “Quem não deve, não teme”, afirmou.

O processo encontra-se registado com o número 1337/025-MP-KL e está sob responsabilidade de um investigador conhecido por “Na Mala”.

Jorge Simão acusa também o procurador junto ao comando da Esquadra do Kilamba de ter permitido a reinstalação das chapas no imóvel sem lhe ter dado oportunidade de se pronunciar.

“Disseram que iriam realizar uma acareação, mas até agora nada. Enquanto isso, o meu imóvel continua ocupado e a ser explorado por estrangeiros”, denuncia.

Contactados os visados para obter o contraditório. O cônsul Ahmed Almeida afirmou que “tentou apenas apaziguar as partes”.

Já Manuel Turco, o principal ocupante do imóvel, alegou ter um contrato válido com um primo de Mohammed Vadel, e que pagou a renda até maio deste ano, tendo intenção de continuar no local. O director da Ango Real, Mohammed Mamud, não respondeu às mensagens enviadas.

Em contacto com a reportagem, o advogado de Mamud ameaçou acções contra a publicação, caso fosse mencionado o nome do seu constituinte, alegando que o processo “encontra-se em segredo de justiça”.

Jorge Simão apela agora à intervenção urgente das autoridades judiciais e à sociedade civil. “Estou a ser intimidado, o meu bem está a ser usurpado, e nenhuma instância do Estado consegue devolver-me o direito de propriedade. Peço apenas justiça”, conclui.

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