Destaques:

Ainda sobre estar preso ao passado- Marcolino Moco

O problema é que cada um pensa que o seu campo só tem razões e não problemas. Como se todos nós não fossemos humanos. 

Ainda a propósito de se aceitar, pacificamente, que se há medalhas de honra para Neto, deverá também haver para Holden e Savimbi, vemos como muitos preferem adiar a solução do problema do presente, arrastando-se para um passado que só deve ser perdoado. Os meus parabéns ao sociólogo e professor universitário Paulo de Carvalho que, num trabalho seu para as redes sociais, contra a corrente habitual, nas actuais fileiras mais falantes do MPLA, demonstrou por A e mais B, que Neto, Holden e Savimbi, como signatários de Alvor, têm todos direito, e no mesmo plano, à justa homenagem anunciada por JLO. 

Na verdade, para esses homens que já não poderão resolver o nosso grande problema actual, só nos cabe reconhecer-lhes o mérito de terem encabeçado a luta pelo fim do colonialismo, cada um deles condicionado pelas circunstâncias que os rodearam, numa Angola tão vasta, constituída na base de fronteiras absolutamente artificiais. O problema não é jurídico, como de um lado e de outro das barricadas, se está pretender defender ou reprovar o mérito ou demérito, especialmente, sobre se Jonas Savimbi deve receber ou não a medalha. Infelizmente, temos arreigada uma forte corrente de juristas formalistas, que pensam que a norma jurídica, vista sob um ponto de vista puramente positivista, é mais importante que a própria vida. Afinal, a questão é resolver, de forma pragmática o problema da consolidação da paz e da reconciliação nacional e partirmos para o desenvolvimento, na base de tantos os recursos que temos.

Na verdade, qual é o nosso maior problema, hoje, que deve exigir novos netos, holdens e savimbis?

Antes de anteontem, quando me preparava para sair de casa, o meu guarda veio a correr, tanto que quase tropeçava: doutor, doutor, doutor – arfava “o filho alheio” –  tá ki, tá ki, tá ki…, este dukumendo “do MPLA” …ndrengaram agora mesmo…akola mesmo!!!  Fui ver, não era documento do MPLA nenhum, mas sim um amável convite da Comissão Interministerial para a Organização das accões comemorativas dos 50 anos da Independência, para estar presente nas últimas entregas de medalhas a que não pude estar presente, infelizmente (até porque contemplava um sobrinho meu), por compromissos assumidos anteriormente.  

Bom no outro dia também li no texto de uma senhora que escreve muito e muda de apelido, (era Neto, agora é Trump) a referir que dos três movimentos de libertação nacional o único que pediu perdão pelos erros do passado é o MPLA. Quando na verdade nenhum movimento de libertação nacional, agora (mal, deveremos discutir isso em outra ocasião) transformados em partidos políticos, pediu perdão, mas sim o Estado, na pessoa do actual PR, João Lourenço, como tinha que ser.

Estão a ver, este é que é o grande problema de Angola, quiçá, de África: a necessidade de despartidarizar o Estado e, antes, as mentes. É este problema que nos traz tantos problemas, a ponto do partido que estiver no poder ter tanto medo de o perder, porque poderá ficar sem o Estado. Tantas as vezes apresentei sugestões para sairmos desta situação. E enquanto olhamos, teimosamente, só para o retrovisor – fala, velho Pedro Pires! – espatifamos o nosso carro, novinho em folha.

Bom domingo!

Contactos

Rua 2, Avenida Brazil, Luanda

+244 923 445 566

pontodeinformacao@pontodeinformacao.com

Siga-nos

© Todos os direitos reservados.