Luanda - Ao Congresso que se avizinha, a UNITA que sempre nos habituou as eleições internas com múltiplas candidaturas, desta vez não será diferente. Por um lado temos o actual líder Adalberto Costa Jr e do outro o jovem Rafael Massanga Savimbi (47 anos).
Fonte: Club-k.net
A lógica desse artigo de opinião, deve compreender os seguintes ângulos analíticos:
1- Congressos partidários e pluralmente concorridos são interessantes pois exercitam o grau de maturidade política dos militantes, reforçam a convivência diversificada de ideias e teses em convergência pragmática, mas também expõe aos membros e aos simpatizantes os diversos Quadros que os partidos têm. E aqui trago o exemplo dos Congressos do PSD onde, embora Rui Rio foi inúmeras vezes vencedor, mas deu aos militantes e aos portugueses, a oportunidade de conhecer as potencialidades Rui Rangel e o Montenegro, que agora dirigem o partido e o país!
2- Existe uma diferença entre competição de 4 e de 2, ou seja, quando são quatro ou cinco como foi em 2019 a polarização ficou diluída e somente os mais atentos sabiam que a disputa real já estava definida entre o candidato da sucessão (no caso do Dr Alcides Sakala Simões) contra a renovada tese do Eng Adalberto Costa Jr. Neste Congresso temos o inverso, apenas dois candidatos e isso, nem sempre, abre margem para interpretações vagas e externalidades para posições imaturas.
O cuidado dos militantes e delegados deve ser total, sob pena de não criarem fricções desnecessárias, lavagem de roupa suja na rua e criar um clima de exclusão pós Congresso. Aqui trago o exemplo do CDS-PP liderado pelo meu ex colega da Universidade Autónoma de Lisboa, Francisco Rodrigues “Chicão” que, após vencer a liderança do partido e de forma surpreendente (pois era muitíssimo novo) expurgou todos da lista contrária e quem não o apoiou. O que foi um desastre e quase causou o desaparecimento do CDS do parlamento português.
3- A candidatura do Eng Adalberto Costa Jr por si só, primeiro, pelo resultado obtido nas eleições de 2022, segundo, e pelo ato índice de popularidade fora dos círculos de interesse partidário (e em meios mais céticos à UNITA), fazem dele um vencedor antecipado. É de longe o melhor candidato que a UNITA tem para alcançar o poder e convencer os angolanos urbanos ao projecto de alternância.
Aliado à isso, tem o facto de que, ele ainda tem direito e segundo os Estatutos do partido, a mais um mandato. Logo, seria um equívoco estratégico descartar a possibilidade e a legitimidade de lhe conferir mais uma oportunidade face aos resultados obtidos em 2022.
4- A candidatura do Rafael Savimbi vem num timming certeiro e super estratégico para quem quer liderar a UNITA num ciclo pós ACJ. Parece estranho, mas isso chama-se “rentreé” dos grandes palcos. Rafael Savimbi embora tenha o pedigree do sobrenome e do seu Clã, ele tem uma posição política de baixa visibilidade e pouca amplitude de catapulta nacional. Embora ele seja Deputado e no partido ocupa a pasta das Relações Exteriores (e tem acompanhado o líder do partido em múltiplos périplos Diplomáticos), essas posições o distanciam da arena nacional e intra partidária.
Se ele tenciona ocupar o cargo de Presidente do Galo Negro, precisa estar em pé de igualdade com aqueles que, na minha ótica analítica, serão os pretendentes naturais da sucessão do Eng Adalberto Costa Jr: Liberty Chiyaka que lidera o Grupo Parlamentar, Adriano Sapinãla que comanda a capital e/ou Nelito Ekuikui que lidera a Juventude a nível nacional - que já têm espaço mediático e posições de amplitude nacional.
A lógica dos Congressos partidários não são lineares e tão decifráveis como se parecem e, muito menos equiparáveis às eleições partidárias onde se enfrentam adversários externos. Há que se fazer leituras racionais, molhar um pouco as cabeças em águas frias e analisar os contextos e estratégias: nem tudo é para se emocionar aqui no Facebook.
Que tenham um bom Congresso e que depois do resultado (esperado ou não), unam as sinergias e abracem as boas ideias e iniciativas.
Emerson Sousa 🇦🇴
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